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SANGIRARDI JR.
Ângelo B. Sangirardi Jr. nasceu em 1912.
Passou pela N.W.Ayer, Grant.
Foi diretor de criação da SGB.
Também dedicou-se ao estudo de plantas e folclore brasileiross, lançando livros como "O Índio e as Plantas Alucinógenas - Plantas Alucinógenas, Excitantes, Narcóticas e Psicodélicas" (Ed. Alhambra, 1983), "Plantas Eróticas" (Sang, 1983), "Deuses da Africa e do Brasil : candomblé and umbanda" (Civilização Brasileira, 1988).
Dupla do compositor brasileiro Radamés Gnattali em "Cantiga".
Manteve um programa de rádio chamado “Cartazes do Mundo”, no qual entrevistou intelectuais como Flávio de Carvalho e Oswald de Andrade.
Estevam Victor Leão Bourroul Sangirardi, o Estevam Sangirardi, o inesquecível são-paulino Estevan Sangirardi, o primeiro rei do rádio esportivo-humorístico, morreu no dia 27 de setembro de 1994, no Hospital Oswaldo Cruz, bairro do Paraíso, zona sul de São Paulo.
Ele tinha 71 anos (nasceu no dia 3 de janeiro de 1923). Foi casado com Olga Sangirardi, falecida em 10 de março de 2010, aos 86 anos. O casal teve um único filho, Carlos Alberto Pastore (o famoso Doutor Pilico, hoje um dos maiores médicos do Brasil) e duas netas.
Sangirardi fez há 50 anos parte do que fazem hoje os brilhantes "Cassetas", da Rede Globo. Se eles hoje brincam com "Gavião Bueno", "Chicória Maria" ou "Pedro Miau", o velho Sanja já fazia isso na Jovem Pan-AM chamando de Osmar Guarujá (Osmar Santos), José Mistério (José Silvério), Fausto Silver (Fausto Silva), Milton Breves (Milton Neves), Wanderley Fogueira (Wanderley Nogueira), dentre outros.
Sangirardi, que trabalhou nas rádios Jovem Pan, Record, Bandeirantes e Tupi, e nas TVs Gazeta, Record e Tupi, além de a "Gazeta Esportiva", a "Gazeta Esportiva Ilustrada", deixou personagens inesquecíveis como Didu Morumbi, Pai Jaú, Comendador Fumagalli, Zé das Docas, além da impagável "Rádio Camanducaia".
Também foi colunista do "Diário da Noite", de 1975 a 1977, e trabalhou como diretor de relações públicas da famosa gravadora Odeon em meados dos anos 60.
Estevam Sangirardi revelou, dentre tanta gente, João Kléber, Beto Hora, Serginho Leite, Carlos Roberto Escova, Ciro "Biro" Jatene, Nélson "Tatá" Alexandre e Cassiano Ricardo.
REVISTA DE POESIA E CRÍTICA - Ano V - No. 7. Brasília, 1981. Diretor Responsável: José Jézer de Oliveira
Ex.. bibl. Antonio Miranda
MACUMBA
Amor de ritos assombros
tetanias sortilégios.
(Rum, rumpi, lê!)
Incensos incensórios e resinas
ervas defumações propiciatórias
aroma da mulher amada
turíbulo de todos os êxtases.
(Rum, rumpi, lê !
rum, rumpi, lê!)
De capa negra e encarnada
Exu arrepia a noite
na hora da meia noite.
E o tridente de Exu
fincado na encruzilhada
é antena medianeira
entre homens e orixás.
(Agô-iê, Exu !)
Janaina ondas espumas
algas coral madrepérola
enseadas dunas marolas
hipocampo de rubi
fulge o fogo de santelmo
a bússola enlouquece
a âncora é de luar
pente de prata espelho de ouro
pro meu amor se pentear
profundas águas no olhar.
(Rum !)
Oxun regatos cantando
cantigas dos seus encantos
daquela que em cada gesto
tem a harmonia das águas
daquela que em cada frase
tem o arrulho das fontes. (Rumpi!)
Oxalá túnica branca
com seu cajado de prata
branca pomba de Picasso
que vem serena pousar
no ombro de Rosestrela. (Lê!)
Xangô ogodô
machado bifronte
Xangô djakutá
a pedra que cai
pedra pra ser trabalhada
docemente modelada
nas curvas do corpo dela.
(Kaô-kabiecilê !)
Omulu vestido }
de palhas da costa.
(A totó !)
Abaluaiê infusão de lírios
maciez de açucena
na pele morena.
lansã, eparrêi!
Eparrêi, lansã !
Espada de raios
para que em suas fulgurações se destaque no
fundo da noite a face iluminada de Rosestrela.
(Rum, rumpi, lé !
rum, rumpi, lé!)
Ogun do manto encarnado
em seu cavalo de lua
forjando com ferro e fogo
o ferro destas cadeias
o fogo do coração
a lua na qual galopa
o tropel dos sonhos meus.
(Ogun-iê !)
Cosme Damião Doum
Ibeji Dois-dois meninos
velhas cantigas de roda
grinaldas de madressilvas
pra fronte de Rosestrela.
(Rum, rumpi, lé !)
Oxosse o deus da floresta
com seu arco e sua flecha
vem Oxosse caçador
caçando lírios orquídeas
estrelas e vagalumes
e um raio de luar
nas frondes altas da mata
em noites de lua cheia
pra levar pra Rosestrela.
(Rum, rumpi, lé!)
Ôi, pega a pemba
risca este ponto
ponto de flecha
e de punhal.
Risca este ponto
que é preto e branco
Ponto riscado
no peito meu
ponto amarrado
no coração.
Na porta de Rosestrela
meu ponto vai acabar
ou dentro da minha porta
o ponto fica pra sempre
marcado com fogo e aço
com pemba sal e carvão
ponto riscado
no peito meu
ponto amarrado
no coração.
Rio, 1969
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